sábado, 21 de janeiro de 2012

14/01/2012 – 20° dia – Jaú

Quilometragem final: 8.579 km

Último dia. Parece que foi ontem que saímos de madrugada para pegar o avião, passeamos pelas largas avenidas de Brasília e descarregamos ansiosos nossas motos. Como dizem, “tudo que é bom dura pouco” (pelo menos pareceu que foi pouco).

“Get your motor running, head out on the highway, looking for adventure, in whatever comes your way”, essa foi nossa trilha sonora e inspiração durante toda a viagem.
Porém, nessa fase final, com certeza podemos alterar o repertório. Nenhuma música expressa melhor o que foram esses derradeiros dias do que: “Riders on the storm”. Quanta água!

Saímos de Mafra às 09:30h com o objetivo de percorrer o trecho final da viagem. Esse trajeto demandava especial zelo: conhecíamos a estrada (o que aumenta a vontade de acelerar), a ansiosa saudade acrescia inquietude e furtava nossa capacidade de concentração e ainda tinha a chuva, impondo mais riscos em nosso caminho. Como a maioria dos acidentes ocorrem próximo ao destino final, um dia mais de cuidado não faria mal a ninguém.

Como ocorreu desde o primeiro dia, para honrar o apelido, Lanterninha novamente foi o último a ficar pronto. Partimos mantendo a mesma calma, atenção e companheirismo que tivemos durante toda a viagem.
Rodamos pelas belas estradas do norte do Paraná, conduzindo com esmero rumo ao nosso destino final.
No último reabastecimento comunicamos nossas famílias que estávamos perto e que preparassem a recepção.
Alguns ansiosos quilômetros depois chegamos em Jaú, todos bem e salvos. Um imenso prazer, satisfação e alívio agora dominavam nossos corpos, enquanto conduzíamos tranquilamente pelas ruas da cidade. Não sentíamos mais o cansaço e as dores que a alguns dias nos acompanhavam. A explosão de sentimentos e sensações que se desfruta após uma viagem desta categoria é impossível de traduzir em palavras, há que se sentir!
Na última curva do caminho, todos sentimentos se convergiram para um só: felicidade! Um “buzinaço” abriu o cortejo de nossas famílias que nos receberam calorosamente na Chopperia Jardim. Enfim chegamos, todos bem, felizes e salvos!

Considerações finais:

Enfrentamos juntos longos quilômetros, passando por diversas paisagens e altitudes. Para um a viagem foi a realização de um sonho. Para outro foi um feito. E há ainda aquele que vibrou com a possibilidade de vivenciar uma experiência internacional de motociclismo ao lado de grandes amigos.
Para mim, essa viagem foi a oportunidade de acompanhar três grandes motociclistas em uma incrível viagem de aventura por um dos roteiros mais famosos do mundo. Além disso, aprendi muito sobre determinação, solidariedade e companheirismo. Creio também que foi uma consagração como motociclista, uma vez que considero esta somente a primeira viagem de uma trajetória que ainda percorrerei.

Em nome de todos meus companheiros, agradeço àqueles que rezaram e torceram por nós. Que viajaram conosco nas linhas deste “diário de bordo”, se emocionaram, riram e se alegraram com nossa felicidade.

Particularmente, agradeço a Deus e a meus companheiros por todos os bons momentos vividos nestes dias e ao meu pai pela oportunidade de acompanha-lo na realização deste sonho.

Encerro este primeiro relato com um convite àqueles que vibraram com nossa viagem: busquem aquilo que realmente os dê prazer! Vá ver com os próprios olhos, sentir a dor na própria pele e comemorar consigo mesmo. Incomode-se com o cômodo, viva a vida!

Reizinho, Zangado, Lanterninha e Negrão, protagonistas deste primeiro Destino Aventura!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

12/01/2012 e 13/01/2012 – 18° e 19° dias – Cachoeira do Sul e Mafra

Trajeto percorrido 18o dia: 7.167 km
Trajeto percorrido 19o dia: 7.952 km

No dia 12 saímos bem cedo de Federal. O Reizinho, ansioso pelo dia nostálgico que o aguardava, sabotou o despertador e nos fez acordar às 5:30h da manhã.

De Federal a Paso de Los Libres encontramos o pior trecho que percorremos em toda a viagem. As poças de água existentes no asfalto escondiam grandiosos buracos prontos para derrubar qualquer motociclista desavisado. Tivemos que rodar com toda cautela possível, superando com cautela os últimos quilômetros argentinos.
Em um desvio da estrada fomos parados por um simpático e honrado policial que nos indagou se estávamos dispostos a fazer uma pequena contribuição “a la policia”. Ante o discurso deste distinto senhor, obviamente despendemos uma pequena quantia para ajudar a “instituição”. Nada que 10 dólares não resolvesse. Brincadeiras à parte, foi o único problema com polícia que tivemos durante toda a viagem (ou seja, praticamente nenhum).

Como sempre, cruzamos a fronteira sem enfrentar problemas.
Enfim novamente estávamos no solo da pátria mãe gentil. Em Uruguaiana, nos aguardava a bela e simpática Norma, tia do Reizinho, que muito bem nos recebeu em sua residência. Tivemos um aprazível bate-papo e ainda nos deliciamos com um espetacular bacalhau preparado pela própria anfitriã. Apesar do carinho com que fomos recebidos, tivemos que nos despedir no começo da tarde, já que ainda tínhamos muitos quilômetros pela frente.

Seguimos viagem pelos pampas sob um perfeito céu nublado até Cachoeira do Sul, onde nos hospedamos no Hotel Hamburgo (bom preço, bom local).

No dia 13 saímos às 9:45h dispostos a rodar o quanto fosse possível. Fizemos uma pequena parada em Santa Cruz do Sul para saborearmos um “café da manhã de gaúcho” com a simpática Fernanda (filha da Norma) e seguimos em frente.

Neste dia fomos acompanhados por uma inseparável companheira: a chuva, maior fenômeno natural de vida. Água que faz florescer os campos, crescer a relva, nascer os frutos, renovar a vida. A beleza (e a força) da natureza em sua plenitude! Neste final de viagem fomos abençoados pelos céus que brindaram nosso sonho realizado.
Encaramos longos quilômetros de formosas paisagens sob uma forte chuva. As estradas sinuosas entre Santa Cruz do Sul e Lages foram superadas a custo de muita concentração, atenção e alguns escorregões (sem quedas). Demoramos bastante para cruzar esse lindo trecho e, apesar da capa de chuva, chegamos ensopados (menos o Neto / Rukka-man!). Aos motociclistas que programam longas distâncias no verão, cuidado: com a chuva que encaramos rodar 800 km foi uma vitória.

Em Mafra ficamos no Hotel Alyss, que fica logo na entrada da cidade, onde aguardamos pelo derradeiro dia, quando, enfim, encontraríamos nossas famílias.

Um último comentário neste post: muitas vezes buscamos o espetacular, o lindo, o maravilhoso em diversos cantos do mundo, mas não conhecemos o que existe ao nosso lado. As estradas do Sul do Brasil estão seguramente entre as mais belas da Terra. Já havia passado por elas, mas toda vez é o mesmo encantamento. Que região MA-RA-VI-LHO-SA!!!
A simpática Norma com sua filha e neta

Louwel, the bird killer!


Magnífico rodízio de pizza, o "Bocaiuva!"


A alegre Fernanda e sua bela família


Neto no posto que foi de seu pai



sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

10/01 e 11/01/2012 – 16° e 17° dias – Mendoza e Federal

Trajeto percorrido: 6.434 km

Reservamos o dia 10 para fazer turismo. Mais de 3.000 km nos aguardavam nos próximos dias, precisávamos descansar e curtir.
Logo de manhã fomos fazer uma coisa diferente: dar uma voltinha de moto!
Decidimos visitar umas “bodegas” pela manhã e fazer um tur pela cidade à tarde.

Começamos pela famosa Chandon (filial Sul-Americana genérica da mundialmente conhecida Moet&Chandon). Tivemos sorte, pois chegamos bem na hora em que iria começar uma visitação. Pagamos 25 pesos argentinos cada e conhecemos um pouco sobre a história da marca e como são produzidos seus preciosos líquidos. Em que pese seja bem interessante e bonito, o tur organizado pela Salton (Bento Gonçalves – RS) é muito melhor e é gratuito. Portanto, prestigiem o turismo nacional!
Após degustarmos alguns espumantes, prosseguimos em nosso passeio.

Tentamos visitar a famigerada Catena Zapata, porém não nos deixaram entrar já que não tínhamos reserva e o local estava cheio. Nem na loja nos deixaram entrar. Todavia, como sempre nesta viagem, Deus fecha uma porta, mas nos deixa outra formidável aberta.
Seguimos para a pouco conhecida “Belasco de Baquedano”. A vinícola é encantadora e seus funcionários nos receberam muito bem. Indagamos se serviam almoço e fomos direcionados no andar superior da construção onde tivemos uma agradável surpresa. Sem querer, aterrizamos em um maravilhoso restaurante! Local fino e sofisticado, com móveis elegantes e funcionários bem treinados. Da janela, a vista era formidável: um parreiral verde e muito bem cuidado, simetricamente alinhado, com as cordilheiras e seus picos nevados de fundo. Sensacional! Só isso já bastaria para um almoço inesquecível.
Mas o capricho não parou. A comida era divina. Participamos de um Menu degustação de cinco pratos lindos e saborosos, harmonizados com cinco vinhos espetaculares (entre 90 e 93 pontos Robert Parker). Os sabores, as texturas, os aromas, tudo estava espetacular. Vale muito à pena! Fica a indicação, não percam!

Encerramos o dia fazendo um city tur pela bela e arborizada Mendoza. Passeando por suas encantadoras praças e formidáveis parques, terminando o dia com uma agradável vista panorâmica da cidade. Realmente muito surpreendente a quantidade de árvores. A cidade é verde! E o quanto isso valoriza o ambiente...

Sobre o dia 11/10 não há muito que se contar. Saímos bem cedo e rodamos 1.150 km (sendo que paramos para almoçar! - a velha guarda até que está em forma!). Quem anda de moto sabe o quanto isso é difícil, principalmente quando se está em grupo (Fernando, foi pau na máquina!). Seguimos por longas retas, cortando a planície argentina rumo ao Brasil. Dormimos em Federal (obviamente lembramos do Sirinho) aguardando a nova alvorada de motocicleta.

Impressões finais sobre o Chile:
Neste espaço não quero julgar nenhum país, aliás, mal posso definir o Brasil, que dirá um lugar onde fiquei poucos dias. Simplesmente quero tecer e compartilhar minhas percepções pós-viagem.
O Chile me impressionou muito pelo grande vazio existente em seu território. Desde o extremo norte (onde ingressamos) até praticamente Santiago, o país não tem nada! As terras são improdutivas e inóspitas. Não há condição para se cultivar nada. A única atividade viável é a mineração.
Portanto, metade do país (que já é pequeno) se resume a terra ruim. Um pouco depois de Santiago o frio também impossibilita qualquer produção. Ou seja, não sobra quase nada! Mesmo assim o país já teve um IDH altíssimo, comparado a países europeus. A razão disso ficou bem clara na viagem: educação. O povo chileno é muito sério e educado, algo que se pode perceber na limpeza das ruas e na polidez dos atendimentos.
Além disso, a corrupção no governo é muito baixa. Nenhum viajante ousa oferecer “agrados” à polícia chilena. Há uma suspeita de que 5% das verbas públicas tenham sido desviadas (li isso na primeira página de um jornal nacional, como se fosse um escândalo, se no Brasil fosse só isso, seria ótimo!). Possuímos um país forte, grande e rico, deveríamos aprender um pouco mais com nossos visinhos...
Rua das bodegas
Chandon


Entrada não autorizada
Muito melhor!

Vista do restaurante

Ótima comida
Ah se o Ben Hur ver essa...
Mendoza

Mendoza 2
Hehe, propaganda é a alma do negócio!

Mendoza!!!


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

09/01/2012 – 15° dia – Mendoza


Trajeto percorrido: 5.205 km

O que é o êxtase? E o fascínio? Constantemente meus conhecimentos a respeito destas sensações são desafiados nesta viagem. Dia 09 foi um dia espetacular. Explicarei.

Deixamos Santiago às 09:00h, já não aguentava mais ser comportado nas estradas. Motociclismo requer adrenalina, emoção, faz parte do passeio! No começo da rodovia nos deparamos com pequenas e bem cuidadas culturas agrícolas, repletas de construções singelas, delicadamente dispostas ao pé da cordilheira. Simplesmente maravilhoso. Um cenário parecido com a Europa Oriental, muito lindo.

Seguimos pela rodovia, envoltos pelo manto protetor das grandiosas cordilheiras e seus imponentes picos nevados. Passamos por túneis encravados em meio à rocha, permitindo-nos prosseguir na jornada.
Pouco adiante surgiu o charmoso e curioso “caracol” da rodovia que nos elevou ao topo das montanhas, encerrando as terras chilenas e dando-nos as boas vindas ao território argentino.

Informação importante para os viajantes: a aduana chilena e a argentina estão unificadas nesta região. Em um mesmo complexo é possível fazer os trâmites de saída de um país e ingresso no outro. Apesar de termos enfrentado um pouco de fila, foi possível realizar os dois procedimentos em prazo exíguo.

Em terras argentinas, já no começo nos deparamos com o majestoso Aconcágua, teto das Américas, nos observando a 6.962 m.
Poucos quilômetros depois, enfim, meus conhecimentos foram desafiados. Primeiro começaram a surgir diversas cores e tonalidades na mesma montanha. Rajadas multicolores dividiam o mesmo espaço físico formando lindos desenhos assimétricos nas cordilheiras. Os diversos minérios e composições de solo existentes formavam um encantador espetáculo natural. A variedade de cores e tons era surpreendente. Preto, branco (pela neve), marrom terra, coral, tijolo, areia, cinza, azul marinho, alaranjando, etc., se mesclavam e brincavam diante de nossos olhos.
Em seguida as próprias montanhas passaram a ter diferentes cores! Cada nova curva apresentava no horizonte uma infinidade montanhas coloridas, formando um majestoso cenário. Vermelha, amarela, chumbo, preta, abóbora, azul marinho, verde escuro e outras cores e tons que sequer sei o nome! Parecia que estávamos em outro planeta. Tudo isso somado a belas formações assimétricas, a um formoso céu azul e, ainda, com deliciosas curvas e a tão necessária velocidade, me envolveram em um êxtase tão intenso que sou incapaz de descrevê-lo. Confesso que foi uma das coisas mais lindas que já vi na vida. Lindo! Maravilhoso! Espetacular!
No final também nos deparamos com um lago multicolor que encerrava em um verde-água encantador!

Ainda neste dia desembocamos em Uspallata, um bonito vilarejo que emprestou suas graciosas montanhas para serem cenário do filme “Sete anos no Tibete” (na época o governo chinês não autorizou a gravação). Nossos pulmões ficaram ávidos por mais oxigênio ante tanta beleza.
No local aproveitamos para desfrutar de uma deliciosa parrilla argentina e esperar o calor forte passar (já eram 15:00h e o termômetro ainda exibia um desesperador 36,5 °C).

Em Mendonza, nos hospedamos no Hotel Ibis (muito bonito, mas um pouco distante do centro). Terminamos o dia saboreando alguns aperitivos no calçadão da cidade, nos retirando às 22:30h pois não aguentávamos mais o forte calor (na manhã seguinte descobriríamos que tínhamos enfrentado a maior onda de calor da década).

Como este post ficou muito longo vou passar a impressão final do Chile no próximo.

Agradeço a todos que acompanham e comentam o blog viajando conosco. Saibam que lemos tudo e nos alegramos em saber que nossos amigos torcem pelo o sucesso da viagem. Como tenho que escrever, revisar e postar no parco tempo livre que possuo, optei por só responder aqueles que nos fazem perguntas diretas. De qualquer forma, muito obrigado pelo carinho de todos!
Visual ainda na parte chilena

Famoso "caracol" da rodovia

MA-RA-VI-LHO-SO!!!


Adeus Chile!

Rodovia na parte Argentina

Aconcágua

O que escrever?


Observem as cores das montanhas...


O Neto está muito triste na viagem...

Frente do nosso hotel em Mendonza

Fim da segunda etapa - Chile

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Nota tecnica

Caros, devido a problemas tecnicos, estamos em debito com as atualizacoes.

Saliento que devemos superar estas questoes ainda essa noite.

Agradeco o carinho de todos que nos acompanham.

Att.

Rafael (W.N.)